sábado, 8 de agosto de 2015

Uma ode à bicicleta





Eu não farei aqui uma ode na verdade, mas o título fica bonito assim. Eu vou contar sobre meu caso amoroso com várias bicicletas (temos uma relação liberal).

Meus pais me ensinaram a andar de bicicleta sem rodinhas auxiliares quando eu tinha uns 6 anos. Eu me lembro exatamente de quando tirei os pés do chão e estava pedalando, com o vento batendo na cara e sem minhas rodinhas. 



Foi uma delícia... Bem, depois que eu parei de cair principalmente.

Quando criança, enquanto muitos pais deixavam seus filhos de carro na escola, meus pais me davam tchau de manhã e eu ia sozinha para a escola. Eu e minha Caloi Ceci.

Na época da faculdade, fui de bicicleta e mais tarde, ou durante a faculdade, quando o trabalho era perto, eu ia de bicicleta também. Menos quando tive que trabalhar em São Pedro de Alcântara e morava em Florianópolis.



Em Luxemburgo é o mesmo - casa - creche - trabalho. Tudo de bicicleta. Bem, até eles inventarem de colocar a Universidade em Belval - sul do país. Agora vou ter que pegar o trem. 

No país das bicicletas, eu não poderia ter feito diferente... 


A Holanda, claro. 

Especificamente, Nijmegen:


Ali, bem pertinho da Alemanha! 
Nijmegen, de cara, é uma graça, com suas casinhas de tijolos típicas holandesas, pessoas dispostas a responder as perguntas dos turistas, flores, parques com pessoas coçando o saco (muitas vezes literalmente), o centro histórico e claro - bicicletas, bicicletas, bicicletas. 


Nijmegen, Holanda
Bicicletas da Universidade Radboud
Eu fui para Nijmegen fazer um curso sobre as novas descobertas relacionadas ao aprendizado de línguas. Essas bicicletas vermelhas da foto foram emprestadas para os 100 primeiros estudantes que se inscreveram no "Summer School" (Escola de verão, onde você tem a oportunidade de fazer excelentes cursos em universidades tops). Eu fui um deles! Bom, todos foram... Tinham 80 participantes. hehehehe

No primeiro dia que cheguei a Nijmegen, eu peguei minha bicicletona (meu Deus, me sentia uma anã em cima dela) e ia voltando para o dormitório quando no meio do caminho me dei conta da sensação de alegria invadindo o corpo...




Eu não estava simplesmente andando de bicicleta. Eu estava andando de bicicleta no melhor lugar do mundo para se andar de bicicleta.

O negócio aqui na Holanda é tão sério com bicicleta, que até o símbolo da Universidade de Radboud é uma bicicleta. 


Olhem a bicicletinha ali
Na cerimônia de abertura do curso, o responsável pelo Summer School chegou de bicicleta todo contente e entrou no auditório com ela. Depois ele fez uma pequena palestra e falou dos benefícios de se usar esse meio de transporte. 

Todos os dias víamos esses presidentes, professores, diretores dos departamentos chegando de bicicleta para a Universidade, assim como os estudantes.

Aliás, é bem raro encontrar estacionamento de carro... Já de bicicleta...


Estacionamento do dormitório em que fiquei
Estacionamento de um restaurante
E olha o que acontece se não tem estacionamento... 

Alias, no dormitório em que estou, só há estacionamento para bicicletas. Além do estacionamento para quem mora no meu prédio, há uma parte que é só para o público, e tudo de graça.

A minha bicicleta, eu parava na sessão feita para os que moram no quarto andar.


Ali no fundinho. 
A mesma chave que abre a porta do meu apartamento é a chave que abre a porta da garagem de bicicletas. Muito prático.

A história de uso apaixonado de bicicletas pelos holandeses já foi contada muitas vezes. Aqui vai uma versão curta, mas muito boa. Somente algumas décadas foram suficientes para estabelecer uma cultura tão forte em relação as magrelas. Mas a luta pelo uso das bikes ainda continua. Quase todas as estradas tem o caminho para as bicicletas. E esses caminhos são como ruas. Você não precisa andar de um ou outro lado da rua. Dos dois tem o caminho de ida e volta...


Viaduto só para bicicletas

Caminho para as bicicletas na ponte

Caminho para as bicicletas do lado do trilho do trem

Aumentando o caminho para as bicicletas

A infraestrutura para andar de bike é tão boa que o uso de capacetes não é obrigatório. Acidentes são raros e as pessoas se respeitam no trânsito. Pelo menos em Nijmegen. 

Elas se respeitam, mas andam rápido. Tentei ultrapassar alguns holandeses e sem sucesso. A única vez que consegui ultrapassar um deles, foi uma senhorinha, mas ela logo me ultrapassou de volta numa subida. 


Aperte o botão para o sinal ficar verde... 

10 segundos depois... Aí está! A bicicleta tem preferência sobre o carro, logo que aperta o botão, o sinal fica verde para ela

Outra coisa interessante é que não é somente bicicletas que circulam por essas vias, pequenas motos, sem marcha também. E muitas vezes eles também não usam capacetes. 

Para quem gosta de andar de bicicleta, olhem esse vídeo. E sintam a vibe :) 






Eu fiz esse vídeo em um dia que estava voltando para casa do curso. Eu consigo andar por horas por essa cidade. É uma sensação tão gratificante que talvez até os não amantes de bicicletas conseguiriam sentir na Holanda. 

Na minha vida, bicicleta também sempre foi assunto sério. Quando eu viajo, ou mesmo na cidade em que moro, eu sempre dou uma "examinada" nas ruas para ver a possibilidade de andar de bicicleta. Até porque, estou criando um ciclista:




Eu acredito que as pessoas ainda não veem o quão grandiosa a invenção da bicicleta é. Mas eu acredito que ela ainda pode nos salvar da obesidade, da poluição, da depressão, do uso exagerado de eletrônicos e vai trazer esse monte de sorrisos, que vocês podem ver na cara daqueles que adoram uma bicicleta. 


Meu tio Lisanti, desbravando o Brasil e o mundo de bicicleta

Afinal, precisamos todos os dias nos locomover. Imagine poder fazer de bicicleta? Com segurança, rapidez e liberdade.

Acho que se você quer dar um conselho para alguém e não sabe mais que frase de apoio usar... Tente essa:




Essa bike-experience só foi possível graças a:

- Universidade Radboud - obrigada pela bicicleta maravilhosa, o curso de alto nível e o conhecimento transmitido 
- Nijmegen, a essa cidade linda, receptiva e bem humorada.
- Ao Daniel, maridão, que apoia minhas decisões profissionais e pessoais e por ser um grande pai-mãe.
- Ao Benjamin, filhão, que apoia as aventuras de sua mamãe com grande sabedoria para uma coisinha tão pequenina.

No fim da minha bike-experience, tive que devolver minha Radboud magrela e foi tão duro. Passamos dias intensos e românticos. Quase saiu uma lágrima. Ao sair a pé da Universidade para pegar o ônibus, senti algo muito estranho... Ainda por cima, me sentia tão devagar em meus passos, o vento não era tão refrescante e eu era uma estranha dentre vários ciclistas que passavam por mim. Vai ser difícil voltar a ser pedestre...



Entrada do estacionamento do dormitório em que fiquei

Abraços


Cíntia