terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O dia que eu descobri o que é um onesie





Você nunca sabe o que mais vai te fazer rir numa conversa de bar sexta a noite regada a happy hour (inclusive suquinhos era metade do preço).




Sexta-feira, dia de sair com os amigos e botar os papos em dia – trabalho, vida amorosa, futebol, alguma fofoca, economia, política (definitivamente não podemos falar mais mal da rainha da Inglaterra), a última receita que você aprendeu. 

So cute :)



A nacionalidade do grupo era diversificada, mas caso houvesse outra guerra, a Alemanha ganharia dessa vez: dois alemães, uma espanhola, um inglês, e eu, brasileira.



Papo vai, papo vem, até que surge uma palavra inteiramente nova para todo o grupo: onesie.



What the hell is onesie? Perguntavam-se os germânicos e latinos. Seria alguma profissão nova, da área de tecnologia, o que o inglês estaria trazendo para o Grão-Ducado?



Seria o nome de alguma espécie de comida inglesa? Mas o que teria acontecido com o bom e velho fish and chips?



Seria uma nova série americana sobre o homem do futuro, intergalático?



Para a nossa alegria, não... Era simplesmente uma espécie de “roupa” que só tem um zíper e normalmente vem em formato de “animal”. What the fuck? 

 Exemplos de onesies:












Mas também tem em formato de... de... qualquer coisa:






 


















E formato verão-inglês, que você pode usar uma semana do ano:





E daí começaram as piadinhas... Como é que seria um onesie brasileiro, lá é muito calor para usar tais onesies:







E imagine você acampando e levar seu onesie-urso para dormir e daí no meio da noite dar aquela escapadinha para fazer um pipi, quando de repente seu amigo levanta na mesma hora e olha de longe um urso em pé mijando?



Ou você leva seu onesie-cavalo para a casa no campo e saí correndo a noite para respirar o ar puro, quando de repente cai de quatro e é encoxado pelo seu cavalinho.



Ou você vai de onesie-Super-Homem para a escola e a girl magia pula da sacada para você resgatá-la... Sem muito sucesso...



Wikepediamente o onesie foi originalmente criado por um senhor que infelizmente passou pela Segunda Guerra Mundial e precisava de uma roupa eficiente: quentinha e que o protegesse em caso de ataques. O nome era Siren-Suit (terno sirene) e resolvia os problemas de calor enquanto as pessoas procuravam um abrigo durante os ataques noturnos no Reino Unido. Era espaçoso e poderia ser colocado como roupa de dormir rapidamente quando um ataque aéreo iminente era anunciado pelas sirenes e você precisava parar de andar e rapidamente se proteger da noite fria que viria.


Agora a questão que fica é: quando vai começar a ser comercializado onesies pelo Grão-Ducado? Onesie Grão-duque, Onesie Grã-duquesa, Onesie Filho 1, 2, 3, 4 e 5 do Grão-duque.







Será que pega essa moda aqui? O povo é tão elegante que até eu com meu quase-onesie-casaco-de-neve-2008 já sou alvo de olhares anti-fashion.



Agora, aqui tem tantos ingleses (e acredito que os latinos entrariam na onda) que vale a pena investir!


Viva os onesies!



Lílian

links:
Siren Suit:
http://en.wikipedia.org/wiki/Siren_Suit

15 Glorious Reasons To Change Your Mind About The Adult Onesie: http://www.buzzfeed.com/jesseheartsyou/15-glorious-reasons-to-change-your-mind-about-the-anmp 

 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Estado, o paizão dos europeus





Eu me encontrei com alguns amigos no sábado a noite. Uma bela noite de inverno, chovendo, 4 graus, escuro desde às 17h... 


E por essas características nada animadoras, eu estava descrevendo o quanto o clima no Brasil é bom (quando não tem enchente, apagão, desbarrancamento) e meus amigos começaram a ficar animados. Perguntaram como é viver no Brasil, condições de trabalho, qualidade de vida, etc. 





No Brasil, em todo ele, dificilmente dá para responder. Cada região é tão diferente da outra. Então respondi pensando na vida que eu levava em Florianópolis. Eles foram ficando mais animadinhos ainda...






Até o momento de horror em que falei:



- No Brasil o governo não dá nenhum benefício por ter filho (obs: beneficio é algo do tipo, metade de um salário mínimo para cima, 15 reais não é benefício). E também, em geral, a classe média paga escolas e plano de saúde.

Meus amigos:





- Nossa, se fosse aqui na Europa, ninguém mais teria filhos. - disseram eles.



Foi então que pensei: É verdade... Para muitos europeus, principalmente os países da União Europeia é difícil conceber a ideia de planejar uma vida familiar sem receber os benefícios do Estado. Aqui em Luxemburgo mesmo, você recebe dinheiro por filho que tem, por estar grávida e cumprir com todos os exames que devem ser feitos, escolas são públicas, saúde é pública, até alguns cursos profissionalizantes, de línguas o governo paga dependendo dos seus planos e condições. Bom, no Brasil escolas e saúde também são públicas. Mas em geral, a classe média não usa desses benefícios, por considerarem o setor privado de melhor qualidade e mais eficiente.



Como é que então um brasileiro sobrevive? Acredito que meus amigos pensaram isso... Como é que arcam com os custos de se ter um ou mais filhos?



Eu lembro uma vez que meu pai contou uma história relacionada a esse tema. Ele estava desbravando o Brasil, lá nos Lençóis e cobertores maranhenses e encontrou uma portuguesa e uma espanhola que decidiram fazer o mesmo que meus pais. Conversa vai e vem e meu pai decidir perguntar:



- E como é que está a crise?



As duas:






Não lembro mais tudo que elas contaram para meus pais, mas lembro basicamente que elas estavam muito revoltadas com a perda de certas regalias dadas pelo Estado. E meu pai, ficou assim e disse:





- Nossa, aqui ninguém ganha isso tudo não...


Elas deviam ter pensado que meu pai era um homem muito corajoso por viver no Brasil.



Mas é assim que estamos acostumados. Não esperamos nada do governo. Rezamos para receber nossas aposentadorias e não pegar muita fila e um atendente menos grosso possível no INSS, pegar um dia de pouco trânsito e caminhar nos bairros seguros sem precisar segurar as bolsas como leões ou tirar o relógio preferido para evitar olhares.



Isso sem contar aqueles que ainda acreditam que o governo deve ser nosso grande pai e protestam para tentar receber benefícios. Ou, pelo menos protestam contra corrupção.



Mas a classe média, por mais que Chauí não vá com nossa cara, dá conta de criar seus filhos e ter uma boa qualidade de vida. Pagando por tudo, sem ganhar nada do Estado e ainda pagando 5 meses de impostos para ele, o pai falido.



Então me perguntei, quando diabos foi que os europeus (alguns) se tornaram tão dependentes do Estado? E se isso funciona mesmo, ou no mínimo, até quando funciona?



Para uma palestrante de uma conferência sobre Economia de Luxemburgo que assisti, isso dura até 2060. Pelo menos em Luxemburgo.  Ela ainda disse que a situação de Luxemburgo não é a pior dentre os países europeus. Para ela, Christel Chatelain, Luxemburgo vai ter que rever o quanto gasta com saúde, pensão e funcionários públicos de seu país.



Talvez 2060 está mais perto do que se imagina. Janeiro já começou com noticias no jornal indicando que o novo primeiro Ministro, Xavier Bettel, já está de olho em cortar os gastos. Principalmente do “salário” dado aos pais para cada filho que tem. Antes, quanto mais filhos você tinha, mais dinheiro do governo você ganhava.  Agora, de acordo com as novas leis, parece que só vai valer a pena (para aqueles de olho no dinheiro do governo) ter um ou dois filhos.



- Bom, temos que pensar bem antes de ir para o Brasil então. – disseram os amigos.

- Temos que pensar bem antes de ficar por aqui também. – disse eu.

- Vamos para um país mais livre economicamente do Estado, que tal? – disse o alemão anarquista.

- Emirados Árabes Unidos? – perguntou um amigo.

- Humm... Talvez começar por Singapura seja mais confortável para nós.



Enquanto isso, alguém chama porque o quibe ficou pronto.

Gabriel

ps: gifs tirados do site: http://comoeumesintoquando.tumblr.com/
e as imagens do google mesmo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Existe um manual de instruções para uma vida significativa?



"Jein", como dizem os alemães, que seria a junção de "Ja (sim) e Nein (não)... Manuais até existem, mas podemos colocar em prática dependendo de nosso contexto, momento de vida, repertório comportamental (e mais outras variáveis que eu e a autora esquecemos). 
Agora... Uma vida significativa nem sempre é agradável.

“Todas as pessoas querem ser felizes ", já reconhecia Aristóteles. Na Constituição dos EUA, a busca pela felicidade foi tomada mesmo como um dos direitos fundamentais, por mais estranho que pareça, já que seu governo faz tantas guerras e seu povo se alimenta muito mal, consome excessivamente e produz a maior quantidade de lixo do mundo. Por último, a ideia de que "felicidade" pode ser um direito... É possível ser um desejo, mas um direito? Como regular isso?

Mas uma vida feliz é automaticamente uma vida significativa?

Tatjana Schell, professora na Áustria, que pesquisa por dez anos essa pergunta, diz que não.

Para ela, felicidade é viver um grande número de experiências agradáveis ​​e positivas e evitar, emoções estressantes e negativas. Mas para a professora, ter uma vida significativa não se trata de ter momentos agradáveis, mas sim, fazer o que é “certo”. Isso me pareceu um pouco coisa de filme americano “do the right thing”...

Pessoas que cuidam de alguém da família com necessidades especiais, por muitas vezes idosos, por exemplo, podem apresentar sentimentos de estresse e cansaço e não achar nada agradável a situação. Mas há nessa atividade um senso de “significativo”, não comparável a outras atividades.
Isso é o que diz a autora, mas também o que penso, é que tal situação não é planejada ou escolhida e a maioria das pessoas não deseja estar nessa situação. Nem a pessoa que precisa ser cuidada (principalmente um idoso que viveu anos independente dos outros) e nem a pessoa que cuida.

O que torna então uma ação significativa?

A pesquisadora austríaca encontrou em seus estudos empíricos, quatro condições:

1 – O contexto
Suas ações devem levar aos seus objetivos, mas seus objetivos podem ou não funcionar, dependendo do seu contexto. Tais objetivos, você deve acreditar que sejam os melhores e mais apropriados para você. Objetivos que tem relação com seus valores e necessidades. Para ser fiel a si próprio, algumas vezes, você precisará dizer não, tomar uma posição, e por vezes ser um pouco diferente (sair da sua área de conforto).

2 – Sentido/ Significado/ Importância (difícil traduzir a palavra Bedeutung)

Dificilmente alguém que trabalha sentado o dia inteiro, na frente do computador, consegue dar, a longo prazo, um sentido naquilo que é exibido no monitor ao fim de todos os dias.  Muitas dessas pessoas podem até sonhar em estar reparando bicicletas, trabalharem como carpinteiros ou com cavalos, qualquer coisa, que a consequência daquilo que você faz é muito mais óbvia e ali, na sua cara.

Eu lembro na época da faculdade, muitas pessoas reclamavam que os professores eram sonhadores e se sentiam os salvadores da Pátria. Dependendo realmente de quanto tempo você está na sala de aula, de que tipo de pesquisa você faz, se realmente o produto do seu trabalho está num monitor e nas suas falas, você começa a ter um discurso político delirante. Porque aquilo que você fala, não precisa ser avaliado para ver se resulta naquilo que você está jurando que resulta.

Daí você vê muito profissional mal-humorado, dizendo que as coisas não funcionam, que todo mundo é ruim, péssimo profissional, mas qual é o seu objetivo, quais são realmente os resultados que você obtém? 

3 – Orientação.

Quem está na estação de ônibus, sabe provavelmente para onde quer ir. Na vida real, há muitas possibilidades, é muito útil então saber para onde você quer ir, senão fica perdido, dentre todas as possibilidades que têm... Muito importante também saber aonde não quer ir e o que não quer ser!  

4 – Sentimento de pertença.

Os homens são seres sociais, muito dificilmente conseguem viver totalmente sozinhos e isolados. Significado emerge para a maioria das pessoas, quando elas se veem como parte de um todo e de uma experiência maior. Esta pode ser a família, os amigos, um clube desportivo, uma comunidade espiritual, whatever.

Todo homem precisa de um sentido para a vida?

Para um número surpreendente de pessoas as perguntas ou temas do trabalho da austríaca são irrelevantes. Eles não veem nenhum significado especial em suas vidas, e também não sofrem desta “futilidade”.

O Estado civil desempenha um papel importante do “sentido da vida”?

Para a autora, as pessoas casadas (seja civilmente ou moram junto por escolha) ou até mesmo as pessoas que já foram casadas, desfrutam de vidas mais significativas e se sentem mais satisfeitas do que as pessoas indiferentes a relações “sólidas”.  A vontade de estabelecer um vínculo forte com alguém parece promover sentido - ou senso de “missão cumprida”.

Os solteiros, no entanto, vivem mais frequentemente uma crise de “sentido”.  A vida de solteiro parece ser um fator de risco para crises existenciais.

Mas claro, isso são generalizações. Será que um casal que vive brigando, são mais apegados ao seus corpos que ao seu crescimento pessoal, que são violentos, faltam com respeito um com o outro, mesmo assim tem essa sensação de “sentido para a vida”?

E solteiros, que preencheram suas vidas com atividades úteis, com consequências “reais” e gratificadoras para suas vidas, com uma grande rede de apoio social – família e amigos, não se sentem mais realizados, que um dos parceiros, do casal acima?

O fato é que nossa sociedade praticamente “exige” que ao passar de uma certa idade as pessoas se expliquem “porque estão solteiras”. Talvez se essa exigência social fosse derrubada, os solteiros também não teria crises existenciais. Porque a vida tem sim sentido, sozinha. Não ter parceiro (a) não significa não ter família e amigos e um trabalho gratificante.

Bom, o sentido dessa reflexão não é dizer o que deve ou não deve ser feito. A pesquisa da autora Tatjana Schell me chamou atenção para algumas coisas, mas nem tudo eu concordo com ela.

Aqui em Luxemburgo está tendo um debate muito grande sobre violência doméstica, comentei isso outras vezes. Essa violência pode ser física e verbal, isto é, punitiva, humilhante, proibitiva, tornando a vida de um dos parceiros na relação restrita a sua própria casa. Quando assisti há um desses debates me perguntei: O que será uma vida significativa para tais pessoas?

Ou mesmo quando vejo as notícias de corrupção, somente um político ter roubado 150 milhões do povo brasileiro! Imaginem! Quantos políticos temos! Socorro! Bom, daí fico pensando... Qual é o sentido da vida para essas pessoas?

E para vocês? O que dá sentido em suas vidas?

Link para o artigo do qual retirei as informações do texto (desculpa, está em alemão): http://www.persoenlichkeits-blog.de/article/10958/gebrauchsanweisung-fuer-ein-sinnvolles-leben#more-10958


Je